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Setembro, mês da mobilidade

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Setembro é tido no Brasil como o mês da mobilidade sustentável. Nos últimos anos, têm sido freqüentes os eventos e debates que reforçam essa idéia. Diversas cidades do país, por exemplo, envolvem-se politicamente na promoção de atividades durante o Dia Mundial Sem Carros, que ocorre em 22 de setembro. Há anos, grandes pedaladas ocorrem nesse dia em cidades como São Paulo, Florianópolis e Rio de Janeiro. Com o trânsito cada vez mais caótico que tem assombrado até as médias cidades, fica premente que o planejamento urbano deve levar em conta alternativas aos meios de transporte que contemplem não apenas o automóvel.

Até a cidade estadunidense de Boston, conhecida por não ser amigável ao pedalar, está revendo seus conceitos e apostando em novas formas de deslocamento para seus cidadãos. Disponibilizou 600 bicicletas coletivas, investindo US$ 5,7 milhões para mudar sua imagem.

Outras cidades que, tradicionalmente, investiam preferencialmente na construção de novas pontes e rodovias estão se rendendo a mudar sua forma de pensar. Los Angeles, por exemplo, começa agora, tardiamente, a investir na requalificação de seu espaço urbano, incluindo a revitalização de passeios e a implantação de ainda tímidas ciclovias.

E já não era sem tempo! Os constantes engarrafamentos fizeram até que uma empresa de avião operasse vôos de um lado a outro da cidade por apenas US$ 4,00! O paradigma da rapidez dos veículos motorizados na cidade foi posto em cheque em julho deste ano. Numa espécie de Desafio Intermodal local, seis ciclistas desafiaram o avião e… chegaram com uma hora de antecedência!!!

Ainda assim, Los Angeles continua uma cidade dúbia! Mesmo com o fechamento para obras da principal rodovia americana, que passa pelo município, tendo ocasionado uma redução dos congestionamentos, os investimentos em sua ampliação superam em muito aqueles fornecidos à mobilidade por bicicleta e aos pedestres.

Enquanto algumas cidades ainda temem em enxergar em problemas as suas soluções, São Paulo, no último ano, tem trilhado um caminho mais próspero! Depois de a bicicleta ter chegado até à frente do helicóptero, no Desafio Intermodal realizado em 2009, vislumbram os ciclistas paulistanos um futuro melhor, embora ainda marcado de incertezas. A Ciclofaixa São Paulo, opção de lazer aos domingos, foi consideravelmente ampliada e, certeiramente, novos parques urbanos serão implantados no município ao longo de sua extensão. Pipocam projetos de  infraestrutura  cicloviária e, ao contrário de uma década atrás, quando planos cicloviários regionais foram criados e não saíram do papel, hoje São Paulo conta com forte pressão de associações de ciclistas para a implementação das melhorias.

A posição de Florianópolis também é dúbia. Enquanto são estudados novos locais para bicicletários, novas malhas cicloviárias e até mesmo um sistema de aluguel de bicicletas, vemos algumas obras fundamentais serem realizadas de maneira que não melhoram o trânsito e ainda colocam em risco a vida dos usuários da bicicleta. Exemplo mais gritante disso são as novas obras de nova pista na SC-405, no Rio Tavares. O aumento da velocidade dos automóveis nos trechos iniciais somados a uma diminuição de seu espaço de circulação põe em risco a vida dos ciclistas que trafegam pela região. Mesmo os planos do Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis (IPUF) prevendo as novas obras, que incluem nova pista e acostamento, previam eles também passeios e ciclovia. O Ministério Público exigiu a construção de ciclovia em um ano no local, bem como a Comissão Municipal de Mobilidade Urbana por Bicicleta (Pró-Bici) também se manifestou favorável aos ciclistas.

Outros exemplos da cidade refletem melhor o tom dúbio do discurso. Oficialmente inauguradas entre um e dois anos atrás, as ciclofaixas feitas ao final do próprio Rio Tavares e na Cachoeira do Bom Jesus ainda hoje não foram finalizadas. Postes são um obstáculo constante e perigoso em ambos os trechos. Ao mesmo tempo, no Ribeirão da Ilha, a tão sonhada ciclovia que consta no projeto executivo transmutou-se em passeio compartilhado que sofre, assim como a ciclofaixa da Rua Bocaiúva, constantes invasões por automóveis.

Dessa maneira, a mobilidade na cidade, tanto para quem anda de automóvel quanto para quem usa a bicicleta anseiam, ainda, medidas mais eficazes para rapidez e segurança dos usuários.

Os ciclistas depositam suas esperanças na integração intersetorial que o Pró-Bici trouxe consigo. A população em geral aguarda ainda a corajosa aposta no BRT (Bus Rapid Transit), apontado como uma plausível solução por especialistas estrangeiros e locais durante o Fórum Internacional sobre Mobilidade Urbana. Para quem hoje consegue ver soluções de longo prazo em suas próprias cidades, fica claro que novas pontes não são o caminho para melhorar a mobilidade urbana e que apenas investimentos no binômio transporte ativo + transporte coletivo estão na resposta que equaciona as soluções de trânsito das cidades do futuro.

Chegamos agora no melhor período para se pensar a mobilidade de forma integrada e holística. Sem preconceitos. Sem medo de inovar. Setembro já chegou!

Fabiano Faga Pacheco 


Filed under: Articulações, Artigos, Paisagem urbana Tagged: Artigo, Avião, Bicicleta, BRT, Cachoeira do Bom Jesus, Cicloativismo, Ciclofaixa, Ciclofaixa da Rua Bocaiúva, Ciclofaixa de Lazer, CicloFaixa São Paulo, Ciclovia, Ciclovia da Cachoeira do Bom Jesus, Comissão Municipal de Mobilidade Urbana por Bicicleta, Desafio Intermodal, Estados Unidos, Florianópolis, Helicóptero, Infraestrutura cicloviária, Los Angeles, Mobilidade urbana, Política, Ponte, Pró-Bici, R. Bocaiúva, Ribeirão da Ilha, Rio Tavares, São Paulo, Transporte, Transporte público, Trânsito

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